sábado, 15 de novembro de 2008

Carruagens

Desde tempos remotos o homem utilizou carros sobre rodas, a exemplo das bigas dos romanos. No entanto, até meados do século XV, todos os veículos de tração animal tinham as caixas ligadas diretamente aos eixos das rodas. Foi somente a partir do Renascimento que surgiu na Europa um novo tipo de carro, o coche (o nome deriva da cidade húngara Kotze, onde foi construído o primeiro modelo), com a caixa suspensa através de correias de couro, sem contato direto com as rodas.
Feitos em Portugal, Itália, França, Áustria e Espanha, os coches abrangem três séculos e vão dos mais simples aos mais sofisticados. A galeria principal, no estilo Luís XVI, é ocupada por duas filas de coches construídos para a realeza portuguesa. A colecção começa pelo coche de viagem de Filipe I de Portugal (II de Espanha), de madeira e couro vermelho, do século XVII. os coches são forrados a veludo vermelho e ouro, com exteriores esculpidos e decorados com alegorias e as armas reais, trabalho denominado talha dourada. As filas terminam com três enormes coches barrocos feitos em Roma para o embaixador português no Vaticano D. Rodrigo Almeida e Menezes, marquês de Abrantes em embaixada enviada ao papa Clemente XI a mando do rei D.João V. Estes coches de 5 toneladas têm interiores luxuosos e esculturas douradas em tamanho natural, durante muitos anos nenhum monarca europeu enviou embaixadas ao Vaticano por não se conseguir igualar tamanha magnitude.Quase dois séculos depois, foi construída a berlinda na Alemanha, na cidade de Berlim, veículo que representou um grande progresso em relação ao coche. Graças à colocação de dois varais lateralmente à caixa e a outras inovações, a berlinda tornou-se mais estável do que o coche.

O homem começava a perseguir, com mais ênfase, o conforto e a velocidade, mas os aperfeiçoamentos continuaram lentamente até o século XIX, quando surgiu a carruagem, que se mostrou mais cômoda do que o coche e a berlinda, devido a um novo sistema de suspensão da caixa, abaulada na parte inferior. Acrescida de lanternas e com a boléia – banco do cocheiro – mais elevada, a carruagem permitia uma condução mais segura e com maior visibilidade para o condutor.

A seguir, alguns exemplos de carruagens reais...


COCHE de D. JOÃO V
Séc. XVIII (1ª metade)
Viatura de aparato. Trabalho português.


COCHE dos "MENINOS de PALHAVÃ"
Séc. XVIII (1ª metade)
Viatura de aparato. Trabalho português.


COCHE da MESA
Séc. XVIII (1ª metade)
Viatura de viagem. Trabalho português.


COCHE de D. MARIA FRANCISCA BENEDITA
Viatura de aparato. Trabalho português.
Séc. XVIII (2ª metade)


COCHE de D. JOSÉ I
Séc. XVIII (2ª metade)
Viatura de aparato. Trabalho português.



COCHE da EMBAIXADA ao PAPA CLEMENTE XI - da Coroação de Lisboa
Séc. XVIII (1716)
Carro triunfal. Trabalho italiano executado em Roma


COCHE da EMBAIXADA ao PAPA CLEMENTE XI - do Embaixador
Séc. XVIII (1716)
Carro triunfal. Trabalho italiano executado em Roma.


COCHE da EMBAIXADA ao PAPA CLEMENTE XI - dos Oceanos
Séc. XVIII (1716)
Carro triunfal. Trabalho italiano executado em Roma.


COCHE do PAPA CLEMENTE XI
Séc. XVIII (início)
Viatura de aparato. Trabalho italiano executado em Roma.


COCHE da COROA
Séc. XVIII (início)
Viatura de aparato. Trabalho francês executado em Paris.


COCHE de D. MARIA ANA de ÁUSTRIA
Séc. XVIII (1708)
Viatura de aparato. Trabalho austríaco ou holandês


COCHE de D. MARIA FRANCISCA de SABÓIA
Séc. XVII (2ª metade)
Viatura de aparato. Trabalho francês.


COCHE de FILIPE II
Séc. XVI - XVII
Viatura de viagem. Trabalho espanhol.

Uma carroça simples, testemunho de um passado esquecido e contudo tão recente. Vida louca, atropelando o mais genuino. O Homem inventou a roda, a roda cilindrou o homem.

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